PT: Desde que somos pequenas que somos bombardeados com
imagens de homens vestidos a rigor. Seja em filmes, em desenhos animados, em
imagens reais, na televisão, na vida real. Vimos o príncipe Rainier e o
príncipe William, todos os príncipes e reis dos filmes da Disney, as nossas
tropas militares ou aéreas em formação fardadas, vimos os soldados na guerra
com as suas fardas a avançar intrépidos contra a linha inimiga, vimos os nossos
pais saírem com as nossas mães para uma festa, fotografias dos seus casamentos
na sala de jantar, vimos, com a globalização e a chegada dos filmes americanos,
o rapaz a vir buscar a rapariga para o prom e, se não me engano, ele está
vestido a rigor. Ainda hoje em dia, quando nos casamos, antes de entrarmos na
Igreja, espreitamos e lá está ele, o homem dos nossos sonhos, vestido a rigor.
Na nossa cabeça e
no nosso coração, nos momentos cruciais da vida, vocês devem surgir de lugar
inesperado e salvar-nos de encarar as incertezas do futuro sozinhas,
agarrar-nos para uma última dança de sonho, levar-nos para o final feliz. Está
gravado no nosso código genético que devemos suspirar quando o Rhett Butler
agarra a recém viúva Scarlett O’Hara para dançar contra todos os preconceitos
da sociedade da época. Está gravado nesse mesmo código que não conseguimos
resistir quando um homem de smoking nos convida para dançar ao som do That’s
Amore do Dean Martin. É um registo irrevogável no nosso código genético que um
homem que envergue uma farda da Marinha ou da Força Aérea é um bom partido. Um
partido que pode ir para a guerra e não voltar - é certo! - MAS e se ele for e,
um dia, inesperadamente, estivermos a cozinhar, com o coração apertado de
saudades, ouvirmos o portão do jardim a abrir, corrermos para o alpendre,
limpando as mãos ao avental e, lá estiver ele, de farda à nossa espera?
Hoje em dia, grande parte destas ocasiões não têm lugar
na nossa sociedade. Estando casada com um oficial da Marinha, nunca estaria a
meio do dia em casa a cozinhar de avental e ele nunca chegaria de surpresa. O
noticiário das 13h daria a notícia que eles estariam a chegar, o jantar seria
um pré-preparado de meter no microondas, a casa com alpendre seria um andar com
renda demasiado alta.
Assim, meus caros, face a uma sociedade tão rígida no não-romantismo, percebo a tentação de achar que já nada destas tradições faz sentido.
Mas, quando se vestirem para uma festa, quando acharem que o blazer não vale a
pena, que comprar um fato escuro é indiferente a ter um blazer cinzento, que um
smoking é uma perda de dinheiro e que da casaca nem se fala, pensem em nós, no
quarto, horas a escolher o vestido mais perfeito, os sapatos que combinam
melhor, a pensar como vai ser quando nos encontrarmos. A conversa por entre
aperitivos, os olhares sobre o prato principal, o doce toque da sobremesa, tudo
para chegar àquele momento em que se calhar, só se calhar, podem vir pedir-nos
para dançar e aí...bells will ring.
EN: Since we’re little girls we’ve been exposed to images of
well dressed men. Whether it’s in movies, in cartoons, in real life feed, in tv
or in real life. We’ve seen prince Rainier and prince William, every single
prince and king in the Disney movies, our military troops wearing uniforms, we’ve
seen soldiers at war, with their uniforms running intrepid against the enemy
line, our fathers going out with our mothers for a party, their wedding
pictures in the living room and we’ve seen, with globalization and the arrival
of american movies, the young mand picking up the young girl for prom night
and, if I’m not mistaken, he’s dressed accordingly. To these days, when we get
married, before we go in, we take a sneak pick and there he is, the man of our
dreams, dressed accordingly.
In our minds and
hearts, in the most crucial moments in life, you are supposed to come from
somewhere unexpected and rescue us from facing alone the incertainty of the
future, sweep us off our feet in one last dreamy dance, take us away to a happy
ending. It’s engraved in our genetic code we must gasp when Rhett Butler asks
to dance with the young widow Scarlett O’Hara breaking every rule of the
society. It is engrave in said code that we cannot resist when a man in a tox
asks us to dance to the sound of Dean Martin’s That’s Amore. It is an
irrevocable mark in our genetic code that a man wearing a military ou naval
uniform is a good catch. A catch that may go to war and never come back -
that’s for sure! - BUT what if, one day, unexpectedly, we are at home, cooking,
and our heart is aking with missing him, we hear the back door opening, we run
to the porch, wiping our hands to the apron, and there he is, waiting for us,
in his uniform?
Nowadays, most of these situations don’t happen in our
society. Being married to a naval officer as I could be, I’d never be at home
in the middle of the day cooking and being surprised by him. The one o’clock
news would report his arrival, dinner would be a pre-cooked meal shoved in the
microwave, and the house with a porch a over-price rented apartment.
Therefore, my darlings, in the face of such a strict
society when it comes to roman, I understant the temptation to think none of
these rituals or traditions make sense anymore. But, when you are getting ready
for a party, when you think the blazer isn’t worth it, that buying a suit is
the same as wearing a blazer, that a tox is a waste of money, think of us, in
our rooms, for hours chosing just the most perfect dress, the perfect shoes,
thinking of you and of the moment we meet. The talking over appetizers, the
stolen looks over the main course, the sweet moment of desert, all leading up
to that moment when maybe, just maybe, you might ask us to dance and
ten...bells will ring.
Texto / Text; Tradução / Translation: Leonor Capela
Imagem / Photo: AsEstilo Store